terça-feira, 2 de novembro de 2010


Escrevo na tentativa de guardar imagens. A minha imagem, a imagem dos outros, a imagem de uma estória condensada no infinito e exato momento do olhar... A inebriante e gostosa estória de um mau amor, tão mau que é bom, tão bom que é mau!

Era uma vez, um navegante e mais três. Eis que surge uma donzela efetivamente de porre portadora de um cigarro no canto da boca. Lês deux amants, ali no meio de ventos um tanto assanhados e ondas de dar medo trocaram olhares demorados. Era o instante exato em que pai e filha se reconheciam um no outro, amedrontados pelo arrepio que se perpetuava no corpo quando o choque de vidas passadas, vividas, romanceadas vinha à tona. Dois corpos e centenas de vidas na bagagem e isso pesava de modo que eles se esforçavam para não caírem um em cima do outro, na parede ou no chão, continham-se. Mas era justamente esse “conter-se” a calda viscosa da relação baseada em apertar demais e pouco afrouxar. Afrouxados, eram um problema... O valente navegante precisou unir as forças de todo o seu batalhão de vidas a fim de garantir sua lealdade à outra amada, A amada, a esposa que o esperava com um café quente ao lado da cama.

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