sexta-feira, 8 de outubro de 2010




Calor infernal subia pelo asfalto; caminhou com algum esforço necessário para chegar até o bar mais próximo e pedir uma cerveja gelada, daquelas que cortam a pele da garganta. Se sentou numa daquelas mesinhas no canto pra gente como ela e fez o pedido. O dia não era um dia qualquer, mas uma sexta-feira sagrada. Bebeu o primeiro gole e a cerveja, apesar de não muito gelada como imaginara, desceu suave como tudo naquele momento. Pensou que a sexta-feira deixava as coisas assim: com um quê de leveza. A cerveja natural, toda a gente chata, a rotina, tudo descia estranhamente leve.
Ele estava atrasado... Qual seria a exata razão? Um simples engarrafamento, pensou. Ou seria seu descaso total para com ela?? Um homem que se preze não deixa mulher nenhuma esperando, pelo fato de que é assim e ponto.
Na verdade, deixando o sexo de lado, fazer esperar é sempre feio. Mas vamos combinar que essa atitude vinda de um homem é muito mais desprezível, afinal, somos regados à uma cultura patriarcal em que o macho é o gentleman da estória, os deveres dos homens não são os mesmos deveres destinados às mulheres e vice-versa. Tolice! Ninguém sabe a razão de tudo isso e daquilo e desse outro, mas com certeza deve haver alguma.
Mas, voltando... O que haveria de errado com ele? Ou seria ela a errada? Neuroses de um complexo materno crítico. A sua auto-estima variava como as fases da lua, ou pior, como um sinal de trânsito que a cada instante muda. Em um determinado momento a rua estava disponível para a livre circulação de veículos, eles passavam livremente sem nenhum estresse. Mas havia também os momentos vermelhos de paranóia e uns amarelos de indecisão que eram só transeuntes e no máximo, bicicletas.
E a vida seguia depressa, com algumas ínfimas bicicletas sem muita importância que adentravam de quando em quando por ali. Sorte dela, melhor bicicletas que a rua vazia. Qualquer coisa é melhor que o vazio, uma dor significante como a que sentia agora era melhor. Que grande bobagem! Nem o conhecia de todo, me diga, pra quê toda aquela agonia? Bebeu mais um gole da sua cerveja natural. Estava sozinha. Só em uma mesinha de bar, enquanto as outras mesas estavam abarrotadas de gente de mãos delicadas e sorrisos largos, aparentemente felizes. Claro que eram felizes, com tamanhos sorrisos como não seriam? Sozinha com um copo de cerveja na mão esperando uma possibilidade. É, ele era apenas uma possibilidade e justamente por isso tinha tanto valor! Porque isso podia se tornar aquilo, todos sabem que a semente se torna árvore um dia.

domingo, 3 de outubro de 2010




E te digo uma coisa... você é culpado! Sim, culpado por essa fumaça que percorre meu corpo a cada 5 minutos. E os meus cabelos brancos? sim... Tudo sua culpa. A culpa de meus quilinhos a mais de puro chocolate, a culpa por minhas numerosas lágrimas, a culpa de meus gritos sufocados... Guilty. Ah... E a maior de todas as culpas: culpado por eu finalmente me sentir viva.


A dança




As pernas soltas no ar me fazem lembrar,
Os braços soltos no ar me fazem lembrar,
Quadris, mãos, olhos e pensamentos soltos me fazem lembrar
Do que me dói, do que é vivo, da infinitude do infinito, de você (tão estranho e tão íntimo).
Fico me perguntando porque o inesperado SEMPRE vem ao meu encontro, mesmo quando eu não peço por isso. Devido a tal infortúnio ,que também é benção, te tenho apenas como mais um alguém , que por sorte, virá a ser menos... menos.... menos....