domingo, 27 de junho de 2010

segredo


Chove lá fora. É incrível o nosso silêncio denunciador quando não estamos em meio a tantas bocas falantes e amigas. De repente, somos obrigados a sentar juntinhos ao som da estação mais romântica da rádio, na calmaria de um transporte público em pleno domingo a muito tarde da noite. Olho para frente, sempre para frente. Medo de te encarar e descobrir também o seu medo. O medo que dá de sermos assim como explosão juntos. O medo do divino que não é possível mensurar o tamanho. É preciso quebrar aquele silêncio sufocante! Ah, vamos! Fale! Qualquer palavra que não transmita nem uma ponta do que realmente passa por nosso corpo naquele momento, assim, qualquer coisa superficial que cubra aqueles nossos olhos amedrontados. Embora saibamos, continuamos fingindo e enchendo as nossas bocas com palavras vazias enquanto nossos olhos brilham, sem parar.

Não importa o que houver. É sempre a essência: a matéria bruta, o que tenho de mais meu e de mais purificador. Só a essência me salvará desse mundo de plástico e dessas tantas pessoas artificiais. Plena em tudo o que fizer, marca em tudo o que tocar, assim queria ser.