Costumo andar a paços largos e rápidos pelo asfalto, dobro cada esquina com uma esperança mórbida de que tudo vai mudar, de que tudo um dia precisa mudar, de que eu um dia vou mudar de casa, de pessoas, de estado de espírito. E é esse dobrar de esquinas que me mantém em pé e que dá a força necessária para meus músculos e minha mente contida de sonhos inacabados continuar caminhando mesmo que em estado mórbido. Navegar é preciso, viver não é preciso, disse um dia Fernando Pessoa. Navegar, imaginar... Sou uma comedora de sonhos, caminho sempre a passos leves e largos, na esperança de um dia voar... De poder voar com todas esses indivíduos maravilhosos que aparecem na minha frente, nos meus lados ou pelas minhas costas. Todos esses indivíduos lindos que passam tão despercebidos pelas esquinas do dia a dia. Não, despercebidos não é a palavra certa! Percebidos, mas descartados por atitudes esborradas de medo e mascaradas de indiferença de conhecer, de saber, de apreciar e entender o outro, viver do outro e com o outro. E é sempre assim que a angústia me assola, apesar de o dia estar lindo e do acariciar de ventos em meu rosto... É, o dia não respeita a minha angústia, nem mesmo a sua. Vai ver é uma tentativa tola de nos acalentar com um pouco de sol e céu azul, até que funciona um pouco.
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2 comentários:
É, acho que cada um que passa por nós, mesmo com tanta indiferença ou falsa indiferença, nos deixa um pouco de si.
Amei teu texto.
Não pude deixar de vir comentar sobre ele depois de ter me identificado com cada palavra dele :)
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