sexta-feira, 20 de novembro de 2009


Escuridão.
O preto toma conta de toda a vizinhança, assim de repente. Apesar de toda a poluição da cidade, ainda é possível notar algumas estrelas no céu azul marinho. Nos apartamentos, os adultos acendem as velas e as crianças descem desembestadas e aos berros com suas pequenas lanternas. Os cachorros não param de uivar, há algo de estranho naquilo que remete ao medo, toda aquela incomum ausência de luz. Um som bonito invade as janelas e varandas, o som romântico e dramático de um instrumento musical que é tocado apenas quando seu dono tem tempo. A escuridão também traz o tempo, não há o que fazer se não esperar ,da melhor forma possível, a energia chegar. Tudo contribui para formar um quadro incomum, e por que não bonito? Não há muitas cores, apenas o vento, a música, as vozes e a aproximação. O cenário se torna um pouco interiorano, as pessoas sentam juntas perto do mundo e o observam com os olhos perdidos na imensidão, algumas sem muitas palavras, outras fofocam. Os bebês choram de medo do escuro; gente grande chora por dentro devido ao mesmo medo, não necessariamente por causa do escuro, mas do que ele traz consigo: o desconhecido. Nesses momentos, a humanidade se mostra mais humana, não há o que nos aliene e nem os desvios sérios de atenção que todo o excesso de informações e imagens nos traz. Apenas nós mesmos e o vento.

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