quarta-feira, 31 de março de 2010

liberdade que escraviza


Agora é a hora em que eu deixo. Sem dó, o deixo. Ele é muito bom pra muitas coisas, poderia ser meu namorado. Mas não quero. Porque eu estou muito bem em minha total liberdade, ele não preenche os espaços. Talvez um dia chegue à conclusão de que ninguém os preencherá. Pura ilusão completar tudo. Mas ,nesse caso, nem noventa por cento é preenchido , eu julgo. Apenas uma lembrança boa, só. Momentos bons, nada mais. Afinal, sempre dizem que a vida são momentos, só momentos. Lembranças são os momentos condensados e encaixotados. Quero que eu o tenha e ele também, como algo doce e bom, pra sempre. De que valem os primeiros ápices para depois ter o chão? Sair no ápice é o segredo de tudo. Aquilo sempre será maravilhoso, você sempre será o máximo que pôde. E como tudo o que sobe, desce. Quando a velocidade parar, o sublime invadir... é chegada a hora de partir sem desculpas, apenas partir.
Serei feliz no dia em que eu souber lidar com minha liberdade! Serei feliz no dia em que tudo sair perfeito. Serei feliz agora, serei feliz agora mesmo. Ele não está aqui, ninguém está aqui além de mim mesma e a música... e isso pode soar perfeito se eu quiser.

trechos da Casa dos Budas Ditosos

Não suporto velho, velho mesmo, metido a alegre, velhice é uma desgraça, não traz nada que preste. Cortar isso tudo acima, eu mesma acho que não entendi nada do que acabei de falar. A gente fica a mesma e não fica a mesma.

Ninguém compreende nada, seja da vida, seja de Shakespeare, que morreu mais de dez anos mais moço do que eu, sem saber que era Shakespeare,

achei que ia deixar estas delusões ─ como dizia meu professor de Medicina Legal ─ para serem publicadas depois de minha morte. Mas num instante vi que era burrice, nada vale a pena depois da morte, eu quero é passar na rua e ver as caras das pessoas que leram, todo mundo fingindo que não é nada com eles

A mulher dele era católica da Vestfália, só tomava banho sábado e nunca ria, a não ser gargalhadas histéricas que duravam horas, geralmente aos domingos, depois da missa e antes dos repolhos hediondos.